Varejo, saúde, educação ou mesmo agricultura. Independente do setor, é comum ver startups em busca de investimento junto a fundos de venture capital, family offices e investidores-anjo. A medida pode ter objetivos diferentes, como testar as soluções no mercado ou impactar mais consumidores.
Os fundos, por sua vez, visam empresas de tecnologia com potencial de crescimento para, mais tarde, fazer o ‘exit’ no momento em que o negócio estiver valorizado.
Com o desenvolvimento de novas tecnologias, as empresas têm atraído recursos cada vez mais vultosos para o setor. Segundo a plataforma de inovação aberta Distrito, as startups brasileiras captaram mais de US$ 3,5 bilhões em 2020, crescimento de 17%, no que foi considerado o melhor ano da história do segmento.
Mas, se depender dos empreendedores e investidores, essas movimentações de recursos estratosféricos devem continuar crescendo. Até setembro de 2021, as startups em território nacional alcançaram US$ 6,9 bilhões em aportes, com destaque especial para as fintechs, responsáveis por uma fatia de US$ 3 bilhões.
A estimativa é ter US$ 8 bilhões em investimentos até dezembro, de acordo com a Distrito — ou seja, mais do que o dobro do ano anterior, mesmo com a pandemia.
Para uma dimensão do potencial de crescimento, o mercado norte-americano — que considera Estados Unidos e Canadá -, as empresas receberam US$ 150 bilhões no ano passado. E, de janeiro a junho de 2021, esse montante chegou a US$ 155 bilhões, segundo dados publicados pela Crunchbase.
Mas há diferentes fundos e formas de angariar recursos. Conheça alguns pontos importantes para encontrar o modelo de financiamento mais adequado para o crescimento da sua startup:
Bootstrapping e FFF
Você já leu aqui sobre a origem do termo bootstrapping. De forma bastante simples, é quando o empreendedor não conta com a ajuda de recursos de terceiros para financiar seu projeto, injetando capital do próprio bolso ou mesmo com a venda de um imóvel, por exemplo.
Se por um lado o empreendedor não tem o risco de interferência excessiva sobre os rumos da empresa, esse modelo também não dispõe de um fundo que possa “validá-lo” para ter a confiança dos gestores de inovação.
Já os três 3 Fs — Family, Friends & Fools — sintetizam a obtenção de recursos para os passos iniciais junto a amigos, parentes ou pessoas desconhecidas que acreditam naquela empreitada. Optar por este caminho pode ser um atalho para tirar a ideia do papel. Mas é necessário delimitar muito bem o papel de cada um na sociedade, se quiser evitar problemas no futuro.
Crowdfunding de Pré-Venda
Modalidade que vem ganhando importância, é utilizada pelos empreendedores para pesquisas de mercado com o objetivo de criar e consolidar seu produto e estabelecer uma estratégia de marketing. Podem ser exemplos artigos de design, gadgets (como fones de ouvido, cases para smartphones, óculos de realidade aumentada ou até smartwatches) ou mesmo um novo game com lançamento previsto para o ano seguinte, por exemplo.
A troca de ideias com outras pessoas pode ajudar a potencializar o seu produto para os passos seguintes. No Brasil, um bom exemplo ocorreu com o financiamento coletivo para o desenvolvimento da Mola, empresa originada na concepção de um produto para que engenheiros pudessem analisar o comportamento de estruturas arquitetônicas.
Investimento anjo
Você já deve ter ouvido falar sobre investidores-anjo. Mas, afinal, quem compõe esse seleto grupo? Normalmente, são profissionais com enorme bagagem (como executivos, ex-CEOs de empresas e mesmo empreendedores) e bastante capital para investir. Mais do que recursos financeiros, eles contribuem com conhecimento e orientação para ajudar no desenvolvimento da startup. Podem fornecer, também, a sua ampla rede de contatos, para elevar o status e o ganho de tração da empresa.
O aporte de investidores-anjos ou pré-seed é a primeira rodada de captação em que a relação de apoio financeiro ganha forma de investimento para uma empresa de tecnologia. O dinheiro deve ser utilizado para a organização da equipe, no desenvolvimento da tese de negócio e na validação do produto. Conhecido também como smart money, o investimento anjo é realizado por um grupo de 5 a 30 investidores, assim como por um único investidor.
Não há uma regra, mas no Brasil este tipo de investimento varia entre R$ 50 mil a R$ 500 mil, podendo chegar a R$ 1 milhão por empresa. Como exemplos de gestoras que dão essa mãozinha inicial, estão GV Angels, BR Angels, Poli Angels, Urca Angels e a plataforma CapTable.
Do lado dos donos da empresa, os benefícios ultrapassam o aspecto financeiro. O apoio se dá também no viés intelectual, já que boa parte dos fundos formados por anjos contam com CEOs como mentores das startups.
Investimento seed — capital semente
O seed capital (capital semente) nada mais é do que o próximo aporte após a rodada com o investidor anjo. Com o produto testado, um time de marketing estruturado e alguma tração de mercado, a companhia agora busca novos consumidores. É uma forma de mostrar aos investidores que a startup não só atua em um grande mercado, como tem potencial para impactar um público maior. Por isso, esta etapa é vista como a que antecede a Série A. No geral, o capital semente movimenta investimentos entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões.
Crowdfunding de Investimentos
O financiamento coletivo para o desenvolvimento de startups é algo bastante comum e que vem ganhando cada vez mais espaço no mercado de venture capital. Com aportes similares à rodada semente, a modalidade tem, em alguns casos, cheques que podem ultrapassar os R$ 2 milhões, podendo chegar a até R$ 5 milhões.
O crowdfunding de investimentos pode ser visto como uma ponte entre a rodada seed e a Série A. Isto porque muitos investidores fazem um aporte inicial para, depois, injetar mais recursos ao lado de outros investidores, trazendo mais dinheiro, reforçando o capital intelectual e compartilhando os riscos e retornos da operação.
Há, também, um novo movimento entre os fundos de venture capital: recentemente, as gestoras passaram a aceitar a entrada de plataformas de crowdfunding em rodadas Série A. Um exemplo foi o aporte de US$ 2 milhões na Flapper, em março. A captação pela empresa de aviação sob demanda foi liderada pelo fundo Confrapar, com participação da SMU Investimentos e do grupo de investidores-anjo Investidores.VC.
Séries A
Os rounds de captação seguem as letras do alfabeto: a primeira rodada, a Série A, é aquela mais emblemática, captada junto a investidores profissionais. Aqui, a empresa já conta com um modelo mais estruturado. No entanto, são necessários recursos para conquistar uma base maior de usuários e tornar o negócio ainda mais sólido.
É comum as empresas terem um único investidor ou dois ou mais fundos de venture capital, por exemplo. Mas é preciso dizer que, quanto maior o número de fundos, maior a probabilidade daquela empresa se tornar promissora e, portanto, de ter mais sucesso.
Série B
Se a companhia chegou até aqui, é porque conseguiu evoluir a taxas satisfatórias, provando que a sua tese se confirmara. O aporte de uma Série B é utilizado para otimizar processos, reforçar contratações, expandir em território nacional (e em alguns casos, até para o exterior) e para lançar novos produtos. Resumindo: abrange tudo aquilo que possa trazer novas verticais de atuação para o negócio.
O dinheiro também pode ser alocado para aquisições de outras empresas (os M&As), complementando o seu portfólio de soluções. Nesta faixa, a rodada gira em torno de dezenas de milhões de reais.
No final, os investidores querem saber é: a empresa pode sair de 500 para 10.000 usuários? É possível melhorar a vida de milhões de pessoas? Esses fatores certamente estarão nas conversas com fundos de VC.
Série C, D, E, F…
Bom, se as etapas anteriores descrevem a estruturação do business plan, formatação do negócio, inserção do produto no mercado e em fusões e aquisições, você deve estar se perguntando: qual o papel de uma rodada Série C?
A dúvida é válida. Mas, como não há limites na trajetória de expansão, a startup que recebe um aporte Série C pode vir a se tornar um unicórnio, tendo um valuation superior a US$ 1 bilhão. Nesta etapa, a companhia tem uma base ainda mais sólida de clientes em território nacional e procura recursos para financiar a entrada em outros países.
Além de veículos de venture capital, o capital pode vir de fundos de private equity, o que também demonstra a maturidade elevada da empresa em questão.
Esta etapa pode ser a última antes da estreia em uma Bolsa de Valores, a abertura de IPO, onde a companhia busca recursos na casa dos bilhões no mercado financeiro para financiar o processo no longo prazo.
Em alguns casos, porém, as empresas podem receber investimentos de forma contínua antes da estreia no mercado de ações, podendo chegar a uma rodada Série G, por exemplo. Por outro lado, há histórias incomuns de companhias que pularam as etapas iniciais de captação.
Venture Debt
Outra opção menos conhecida, mas que vem ganhando tração no setor brasileiro de inovação, é o venture debt. Diferentemente do processo de venture capital, no venture debt os sócios podem receber recursos sem abrir mão de parte do equity da organização.
Se por um lado as quantias envolvidas são menores, sem a rede de networking de CEOs e executivos com larga experiência, por outro o mercado de dívidas é uma boa saída para uma startup obter recursos sem usar ativos reais como garantias: é possível oferecer créditos de recebíveis ou contratos não performados para o negócio.
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